26 de out. de 2011

O Relativismo e Etnocentrismo em Avatar



A Humanidade sempre foi formada por sociedades e estas, por culturas, todas com características peculiares e distintas.
No filme Avatar, o diretor James Cameron leva as telas uma discussão atemporal sobre a diferença cultural de cada povo, afinal, não importa em que ano, as culturas e as opiniões sobre as mesmas, sempre estarão lá, e em debate.

A trama do longa-metragem gira em torno de um grupo de terráqueos que vai morar em Pandora, planeta que possui um vasto ecossistema e um povo nativo desconhecido, os Na’Vi. Com pensamentos diferentes, não demora muito para que os humanos e esta civilização local entre em conflito de culturas.

A primeira cultura apresentada é a dos humanos, representada por militares e cientistas. Os primeiros, com um etnocentrismo mais exacerbado, ou seja, possuem uma visão mais egoísta sobre o certo e o errado, apenas sua maneira de ver é levada em consideração ao analisar um outro povo. Os segundos são mais abrangentes em relação ao tema e buscam conhecer melhor outra cultura antes de julgá-la. É neste ponto que entra a segunda cultura, os Na’vi e também os avatares que funcionam como um elo entre os humanos e a cultura nativa inicialmente desconhecida.

Para um melhor entendimento, os avatares são uma espécie de clone de um Na’Vi, incorporado por um humano, graças a uma tecnologia avançada que permite passar sua consciência para um outro corpo. Tal criação dos cientistas teve o intuito de melhor compreender os comportamentos dos Na’Vi e também da fauna e flora presentes em Pandora. Entretanto, os militares têm um outro interesse por trás deste projeto, que colocará em cheque os dois povos.

Apresentada a introdução da história, James Cameron escolhe um personagem para mostrar os dois lados e, portanto este, necessita de uma opinião mais parcial sobre o assunto. E Jake Sully, se enquadra neste perfil, um ex-fusileiro paraplégico, que aceita entrar em uma experiência científica (os avatares) e com isso, explorar como um nativo, o rico universo de Pandora, conhecendo melhor sua biodiversidade e, sobretudo, os Na’Vi.

O miolo do longa trata da apresentação dos nativos, feita por Neytiri, personagem vital para a identificação entre os habitantes de Pandora e os espectadores, sob o olhar de Jake Sully. Ela o ensina diversos elementos presentes em sua cultura e são percebidas algumas características deste povo, como: a ligação que possuem com a natureza e os animais; a fé que eles utilizam para ficarem mais unidos, até mesmo com seus antepassados; a paixão de voar; a conexão com os Banshees, animal voador local, além dos cavalos e a presença de Eywa, espécie de espírito da floresta, atuando como um ser divino para os Na’Vi.
Cada vez que Jake Sully explora Pandora e se aproxima de Neytiri, a opinião do personagem vai se definindo a ponto de querer se transformar em um Na’Vi e não meramente num avatar, que é de fato, transitório. Todavia, o que pesa nesta decisão é o comportamento dos militares, em especial do Coronel Miles Quaritch, líder de toda a ação militar, em relação aos seres de Pandora. O seu objetivo primordial é conseguir um mineral de valor inestimável do planeta. Em suma: é o etnocentrismo exagerado, mais para a xenofobia, que ignora a forma de pensar de um determinado povo diferente do seu.

É um impasse que acaba gerando um conflito iminente entre as duas culturas, ambas com seus ideais formados e imutáveis. Os cientistas que utilizaram os avatares para conhecer Pandora, tomaram partido pelos nativos, embora pertencessem na realidade aos homens.

Ao que tudo indica, neste momento do filme, os espectadores já tomaram uma decisão a respeito do embate, mas com base no olhar de um imparcial Jake Sully, que acabou optando por um dos lados. A nossa imparcialidade sobre o ocorrido é justamente a causa da guerra entre as duas culturas. Ambas não se entendem e fica impraticável um consenso, apelando assim para a guerra.

Não existe razão para a escolha de um lado, etnocentrismo ou relativismo, visto que o primeiro é necessário para a composição dos grupos sociais, permitindo que eles sejam divergentes, sendo fator diferencial e exclusivo dos seres racionais e o segundo, que permite melhor compreensão de culturas adversas. Contudo, ambas são prejudiciais, até mesmo a relatividade, pois, ao tentar entender todas as culturas e respeitá-las, faz com que sua identidade cultural se dissipe em meio a outras, com ideais mais fortificados.

James Cameron ilustrou bem as duas culturas e montou um belo cenário, após o desenvolvimento e apresentação dos personagens e povos, tornando a batalha recheada de objetivos, certo ou errado na visão de cada um, todos sabiam o motivo pelo qual lutar.


Obs: Texto originalmente feito para um trabalho de Sociologia.

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